terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Banco Mundial libera US$ 100 milhões para o Haiti. Brasil promete US$ 15 milhões




Criança ferida é socorrida por médicos após o tremor (Foto: Reuters)
O Banco Mundial anunciou nesta quarta-feira que vai desbloquear verba suplementar de 100 milhões de dólares a título de urgência para o Haiti, atingido na véspera por um terremoto devastador.
A instituição calcula que o país, o mais pobre das Américas, perderá mais de 15% do PIB por causa do tremor.
O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, anunciou que o país vai doar 15 milhões de dólares. Amorim advertiu, contudo, que há dificuldades em repassar os recursos, assim como distribuir os alimentos e a água que deverão ser enviados ao país caribenho.
De acordo com o chanceler, as dificuldades começam pela falta de comunicação com as autoridades haitianas. "Há dificuldades em entrar em contato com as autoridades haitianas. Não foi possível até o momento expressar o nosso engajamento para ajudar o povo haitiano", afirmou.
Tragédia - O primeiro-ministro do Haiti, Jean-Max Bellerive, afirmou na tarde desta quarta-feira que "várias centenas de milhares de pessoas" podem ter morrido no terremoto da véspera. "Torço para que não seja verdade, pois minha esperança é de que as pessoas tenham tido tempo de sair de casa", afirmou ele à rede de televisão americana CNN.
"No entanto, por causa da grande quantidade de pessoas nas ruas, não sabemos exatamente onde elas estavam morando", continuou ele. "Mas há muitas construções, muitos bairros totalmente destruídos, e em alguns deles nem sequer é possível avistar pessoas."
O terremoto de 7,3 graus de magnitude destruiu a capital do país, Porto Príncipe, e interrompeu boa parte dos meios de comunicação na região. Justamente por isso, ainda não foi divulgado nenhum balanço oficial sobre o número de mortos. A brasileira Zilda Arns, 75 anos, médica pediatra e fundadora da Pastoral da Criança, é uma das vítimas fatais da tragédia. O Exército também informou que pelo menos 11 militares brasileiros que integravam a missão de paz das Nações Unidas morreram na tragédia. Outros nove ficaram feridos e sete estão desaparecidos.


Clique para abrir o infográfico:



Em sua primeira entrevista desde o tremor, o presidente haitiano, René Préval, afirmou nesta quarta-feira ao jornal americano Miami Herald que pode haver "milhares de mortos".
Préval disse que a situação na capital, Porto Príncipe, é "inimaginável". Segundo ele, o prédio do Congresso, hospitais e escolas foram destruídos. O palácio presidencial também foi atingido. O presidente acrescentou que muitas pessoas ficaram soterradas em escolas e pediu ajuda internacional. "É uma catástrofe", disse a primeira-dama, Elisabeth Préval.
Zilda - De acordo com a senadora Ideli Salvatti, assessores do Planalto disseram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Zilda Arns estava na rua quando o tremor ocorreu. A notícia também foi confirmada pelo gabinete do senador Flávio José Arns, sobrinho de Zilda, em Curitiba.
Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança
Nascida na cidade de Forquilhinha, em Santa Catarina, no dia 25 de agosto de 1934, Zilda fundou nos anos 80 a Pastoral da Criança, por meio da qual ajudou a combater a mortalidade infantil no país. Ela era também fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Zilda era era irmã de Dom Paulo Evaristo Arns, cardeal arcebispo emérito de São Paulo, e vivia em Curitiba.

Exército - O Brasil tem 1.266 militares na Força de Paz da ONU, a Minustah. Foram confirmadas as mortes de 11 militares (leia a lista dos nomes mais abaixo). Todos eles estavam fora da base no momento do abalo. "É possível que tenhamos mais mortes", afirmou o coronel Eduardo Cypriano, subchefe da comunicação do Exército.
O Exército ainda informou que há nove militares feridos. "O Exército brasileiro, consternado e imbuído do mais alto sentimento de solidariedade, está empenhado em prestar todo apoio necessário às famílias dos militares vitimados pela tragédia", informou o general Carlos Alberto Neiva Barcellos.
Destruição - A rede americana CNN informa que seus repórteres no país testemunharam cenas de grande destruição e vários corpos espalhados pelo chão. O Departamento de Estado americano disse que a expectativa é de que a tragédia tenha provocado "muitas mortes". "A única coisa que eu posso fazer agora é rezar pelo melhor", disse o embaixador haitiano nos Estados Unidos Raymond Joseph. Segundo a agência de notícias France-Presse, os mortos podem chegar a centenas. "Acreditamos que há centenas de mortos", disse à agência um médico da capital haitiana. "O centro de Porto Príncipe está destruído, é uma verdadeira catástrofe", revelou um morador da cidade, após caminar vários quilômetros em meio a cenas de pânico.
As autoridades do país já confirmaram a destruição de importantes construções, como o palácio presidencial, igrejas, o prédio onde fica o Banco Mundial, além de dezenas de casas. O abalo também destruiu o prédio da Organização das Nações Unidas (ONU) em Porto Príncipe, segundo um porta-voz da instituição. Ele ainda informou que há vários funcionários da ONU desaparecidos. Já o Encarregado de Negócios do Brasil em Porto Príncipe, Cláudio Campos, informou que o prédio da embaixada brasileira sofreu sérios abalos, mas não houve vítimas entre os funcionários do país.
Caos - Tremores que se seguiram ao grande terremoto continuam a assustar a população do país. Muitas regiões permanecem sem eletricidade. O terremoto teve seu epicentro situado a 14 km da localidade de Carrefour, e a 27 km de Petionville, no sudeste do Haiti. Um correspondente da agência de notícias France-Presse em Petionville viu um prédio de três andares desabar sobre várias vítimas, enquanto centenas de pessoas corriam pelas ruas em pânico.
Lista dos militares brasileiros mortos:

- 1º Tenente Bruno Ribeiro Mário
- 2º Sargento Davi Ramos de Lima
- 2º Sargento Leonardo de Castro Carvalho
- Cabo Douglas Pedrotti Neckel
- Cabo Washington Luís de Souza Seraphin
- Soldado Tiago Anaya Detimermani e
- Soldado Antonio José Anacleto, todos do 5º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lorena-SP.
- Cabo Arí Dirceu Fernandes Júnior e
- Soldado Kléber da Silva Santos; ambos do 2º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em SANTOS-SP.
- Subtenente Raniel Batista de Camargos, do 37º Batalhão de Infantaria Leve, sediado em Lins-SP.
- Coronel Emílio Carlos Torres dos Santos, do Gabinete do Comandante do Exército, sediado em Brasília-DF, da MINUSTAH.

Entre os militares feridos, estão o tenente-coronel Alexandre José Santos; capitão Renan Rodrigues de Oliveira; 3º sargento Danilo do Nascimento de Oliveira; cabo Eugênio Pesaresi Neto; e soldado Welinton Soares Magalhães.
Li na Globo Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário