terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ONU informa que 90 pessoas já foram salvas no Haiti




Uma semana após o terremoto que devastou o Haiti, a Organização das Nações Unidas informou que mais 90 pessoas já foram salvas pelas equipes de resgate que trabalham no país. O anúncio foi feito nesta terça-feira por Elizabeth Byrs, porta-voz do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU.  "Essas notícias são sempre boas. Os socorros e nossos esforços de ajuda se concentram nas zonas da periferia de Porto Príncipe, até agora inacessíveis aos socorristas", afirmou Byrs. Não há estimativas do número de pessoas que podem estar soterradas sob os escombros. Segundo a ONU, além de Porto Príncipe, as cidades de Gressier, Carrefour e Leogane também foram devastadas pelo tremor
Violência - As forças de segurança no país já não são capazes de conter o aumento da onda de violência. Haitianos desesperados por água e comida - que não chegam com a velocidade esperada à população - recorrem cada vez mais aos saques. Para se proteger, as famílias cujas casas não foram completamente destruídas pelo tremor estão formando grupos armados contra a ação dos saqueadores.
Policial agride jovem na capital Porto Príncipe (AFP)
Milhares de outras pessoas fogem da capital Porto Príncipe, uma das regiões mais afetadas pelo terremoto, rumo ao interior, em busca de água e comida. Em um dos bairros da cidade, os moradores decidiram bloquear a entrada da rua em que vivem com seus carros e pagam a jovens para que patrulhem o local.
Saques - Grupos que podem chegar aos milhares de pessoas arrancam dos escombros das lojas tudo o que podem. Enquanto isso, gangues cujos principais líderes escaparam da cadeia após o tremor voltaram a ocupar a gigantesca favela Cité Soleil, além de outras comunidades da capital. A pacificação da Cité Soleil havia sido uma das principais conquistas da missão de paz da ONU no Haiti. Até mesmo em um prédio pegando fogo alguns mais ousados desviavam das chamas à cata de algo de valor. Os saqueadores chegavam com sacos, caixas e até malas para o transporte do que encontrassem.
Cerca de 20 policiais haitianos circulavam em caminhonetes, assistindo, impotentes. O terremoto, que segundo se estima pode ter matado 200.000 pessoas, reduziu pela metade o contingente da polícia. Quando os conflitos entre assaltantes e saqueadores se tornavam mais violentos, os policiais davam tiros para o alto com espingardas calibre 12. Os disparos faziam a multidão se dispersar por alguns instantes, mas em seguida a atividade era retomada. Para os mais renitentes, eles apontavam as armas. Duas pessoas foram mortas a tiros no local, no domingo.
Terra sem lei - Um dos principais focos da ação dos saqueadores é o cruzamento da Grande Rue com a Rue de la Fontfort, onde fica o antigo Mercado de Ferro, um prédio com forma de estação de trem, cuja estrutura metálica foi arrancada de seu alicerce pelo terremoto. Crianças, jovens, adultos, velhos, homens e mulheres vasculham as lojas à procura de qualquer coisa - alimentos, produtos higiênicos, cosméticos, ferragens e até material de escritório - antes à venda no centro comercial.
"Nós nunca contamos com o governo aqui", desabafa Tatony Vieux, de 29 anos. "Nunca." A distribuição de suprimentos às vítimas aumenta, mas ainda não é o suficiente, frustrando milhares de sobreviventes que vagam pelas ruas em busca de ajuda. No aeroporto de Porto Príncipe, a situação é crítica. Os Estados Unidos assumiram o controle dos pousos e decolagens e afirmam que, agora, cerca de 100 voos diários aterrisam na capital. Na semana passada, aeronaves com suprimentos chegaram a ser desviadas do aeroporto.
Demora - "Eu simplesmente não entendo porque os estrangeiros estão demorando tanto com a ajuda", disse Raymond Saintfort, um farmacêutico que levou duas malas com aspirinas e anticépticos às ruínas do que antes era um hospital local. O chefe da missão humanitária da ONU, John Holmes, admitiu que nem todos os 15 pontos planejados pela organização para a distribuição de comida estão funcionando. A ONU disse na segunda que espera aumentar sua ação e alimentar 97.000 pessoas por dia. Mas, para isso, é preciso receber 100 milhões de refeições prontas nos próximos 30 dias, além de mais ajuda internacional.

"O Haiti voltou para a situação anterior a 2004", resumiu no domingo o general brasileiro Floriano Peixoto, comandante militar da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah). O Exército brasileiro aposta na entrega de ajuda humanitária para restaurar a ordem. Essa é também a visão das autoridades haitianas. "Se a situação vai explodir ou não, depende da chegada da ajuda da comunidade internacional", disse ontem Ralph Jean-Brice, comandante da Direção Departamental do Oeste, sob cuja jurisdição está Porto Príncipe.

Li na Veja online

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